2017

Unibes Cultural

2 e 3 de dezembro

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O festival Batuka! Brasil aconteceu no Unibes Cultural, na capital de São Paulo. Foi seu 15º aniversário. Quinze edições, sendo que a primeira aconteceu em 1996.

 

São vinte e um anos, desde a primeira edição. Contra nosso desejo, não realizamos o festival por alguns anos. A última edição, antes a de 2017, aconteceu em 2013. Desistir do festival? De jeito nenhum! Mais do que um festival de bateria e percussão, o Batuka! Brasil promove o encontro entre pessoas, e não somente músicos e estudantes de música. Não somente entre bateristas e percussionistas.

 

Pessoas que amam música.

 

Desde que a ideia desse festival ganhou vida, ficou claro para nós que o Batuka! Brasil deveria reunir artistas renomados e novos talentos no mesmo palco, e de uma forma capaz de inspirar as pessoas a criarem música, estudarem música, até mesmo aprender como apreciar música em um nível mais profundo. Essa conexão entre pessoas e música deveria ser forte e bastante poderosa. A conexão entre as pessoas tornou isso possível.

 

Este festival tem reunido artistas fantásticos e promovido o aperfeiçoamento do conhecimento. Aprendemos enquanto apreciamos a música.

Conhecimento é algo poderoso. Não somente aquele adquirido didaticamente, mas também o conhecimento pela observação e por conta das nossas experiências. É muito importante compartilhar conhecimento. Ele funciona melhor quando compartilhado.

 

O Batuka! Brasil também tem como objetivo promover o intercâmbio de ideias e experiências. É a música sendo descoberta, discutida, tocada, comentada, de forma capaz de nos ensinar muito, também por meio das histórias de vida das pessoas que têm se apresentado no festival.

 

Mais do que um evento, essa edição do Batuka! Brasil foi uma experiência. Para nós, que temos de lidar com o que acontece no palco e nos bastidores, o Batuka! Brasil é uma construção. Nós aprendemos sobre música, da sua criação às performances que a levam ao palco; sobre como a música toca as pessoas. E também aprendemos sobre pessoas. Sobre nós mesmos.

 

O Batuka! Brasil pode ser categorizado como evento cultural e ser incluído em guias culturais. Isso é valoroso e verdadeiro. Porém, sua importância também está presente nos encontros pelos corredores, pelos camarins, no palco, assim como na troca de ideias, durante um intervalo e a próxima atração. Ele continua a ser um evento que nasceu para promover encontros, revelar talentos, valorizar a boa música. E assim continuará. Assim continuaremos.

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Christiano Rocha deu início à celebração do décimo quinto aniversário do Batuka! Brasil, com uma performance vivaz. Ele mostrou um vocabulário musical variado e a intimidade que mantém com a música brasileira. Também comentou sobre a sua primeira experiência no festival, quando tocou, em 2010, com sua banda.

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Em seguida, foi a vez do italiano – que vive nos Estados Unidos, desde 1995 – Sergio Bellotti (bateria) e o Americano wes Wirth (baixo e vocal) se apresentarem com o CHANTaSONIC, projeto musical que o duo estreou no palco do Batuka! Brasil.

 

Baixo e bateria é sempre uma boa combinação. Porém, Sergio e Wes elevaram o nível dessa sincronia. O CHANTaSONIC tocou grooves poderosos, enquanto explorava dinâmica e emocionantes melodias. A estreia do CHANTaSONIC foi realmente um sucesso.

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Incluir um bate-papo sobre música na programação do festival foi importante para trazer à tona uma série de assuntos. Ser músico pede mais do que tocar e escrever música. Você deve conhecer a história da música e as pessoas que a tem tornado tão poderosa. Há também a indústria musical, sendo importante compreender como sobreviver às demandas dela.

Vera Figueiredo fez a moderação dessa conversa sobre música, da sua criação até como encontrar os ouvintes para ela. Os bateristas Charles Gavin e Giba Favery falaram sobre suas experiências na cena musical, assim como sobre a necessidade de se manter a memória musical do nosso país. É importante conhecer e cuidar dos nossos músicos e suas obras. Conhecê-los melhor, valorizá-los e respeitá-los, assim como às suas conquistas, pode nos dar poder para as mudanças positivas. Tudo isso pode ajudar aos novos artistas a encontrarem seu próprio espaço nesse mundo.

Intervalo
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Durante o intervalo, o público visitou a exposição de instrumentos musicais e acessórios. Baterias Mapex e Nagano, pratos Sabian, peles Evans, baquetas Vic Firth e ProMark. O público teve a chance de conferir produtos e falar sobre eles com os responsáveis pelos estandes. Eles também puderam conferir livros, discos e outros produtos oferecidos pela Free Note.

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No Lounge, Pithy Cajonero fez sua performance, mostrando a riqueza musical do Cajón. Percussionista e fabricante de instrumentos de percussão, o músico dá seu nome à mais importante marca de Cajón do mercado brasileiro.

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Dom Famularo é um baterista sensacional. Se você já o viu tocar, sabe disso. Além de ser um baterista sensacional, ele também é um grande contador de histórias. Ele conta histórias que ele viveu durante suas viagens, sobre pessoas que ele encontrou durante os eventos de música dos quais participou pelo mundo afora. E são histórias muito inspiradoras. E muitas viagens.

 

Ele não toca durante uma parte considerável de sua performance. Não foi diferente desta vez, a terceira que ele se apresentou no Batuka! Brasil. Ele tem aprimorado sua habilidade de inspirar pessoas, mostrando como é importante que elas cuidem do que aprendem e de quem conhecem durante suas jornadas.

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Finalizando o primeiro dia de festival, o baterista Mauricio Leite se apresentou com o Time Out Trio, acompanhado por Mello Jr. (guitarra) e Celso Pixinga (baixo).

O meninos do Batuka!
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Eles não são tão mais meninos. Ainda assim, três bateristas que se destacaram durante o Batuka! Brasil estão conectados à história do festival.

 

Ele é baterista da banda Sepultura. Em 2004, Eloy Casagrande ganhou o Batukinha!, concurso para bateristas até treze anos de idade e parte da programação do Batuka! Brasil. No ano seguinte, ele foi vencedor do concurso Modern Drummer’s Undiscovered Drummer, e se apresentou o festival, nos Estados Unidos. No mesmo ano, apresentou-se como artista convidado na edição de aniversário de 10 anos do Batuka! Brasil.

 

Em 2017, ele voltou para o palco do Batuka! Brasil. Sua performance foi poderosa e com a musicalidade fluente. Eloy Casagrande deu um passo à frente na arte de tocar bateria, explorando nuances e trazendo outros ritmos para a sua linguagem Metal. Foi uma performance extraordinária.

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Bruno Felipini é aluno de Vera Figueiredo no IBVF. Ele também é professor de bateria. Ele também pertence ao cenário do Metal, sendo capaz de trazer para o estilo outros ritmos. Durante sua performance, ele tocou pesado como o Metal, mas a dinâmica conduziu sua interpretação. Ele tocou o chorinho “Delicado”, de Waldir Azevedo. Foi impressionante.

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Nos anos 90, Daniel Baeder era aluno de Vera Figueiredo no IBVF – Escola de Bateria e de Percussão Brasileira. Naquela época, ele já era um baterista talentoso. Em 1996, ele tocou como atração de abertura da primeira edição do Batuka! Brasil. Muitos músicos ficaram muito impressionados com a sua primorosa performance.


Não foi a última vez que ele se apresentou no Batuka! Brasil. Baterista que também toca outros instrumentos, compositor, ele voltou ao palco do Batuka! Brasil em 2017 com uma valorizada biografia musical. Ele lançou um disco solo, trabalhou fora do Brasil como líder de banda do espetáculo OVO, do Cirque du Soleil. Hoje, ele vive no Japão, trabalhando como produtor e músico.

Aqueles que deixaram saudade
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Foi um fim de semana intenso e em vários sentidos. Um fim de semana de emoções em muita nostalgia. Quando um evento como esse celebra quinze edições, você pode apostar que há muitas lembranças registradas em seu calendário.

 

Dois bateristas que se apresentaram no festival faleceram. Ambos eram artistas renomados do cenário da bateria e pessoas amadas. Jim Chapin se apresentou na edição de 2003. John Blackwell Jr., na de 2013.

 

Há outra pessoa de quem também sentimos saudade. Em 2003, Gabriel Martins foi uma escolha celebrada como vencedor do Batukinha! Aos onze anos de idade, ele foi capaz de fascinar o público com sua musicalidade. Em 2009, ele tocou como artista convidado no Batuka! Brasil, mostrando a todos que ele era um talento inegável. Em 2014, ele desapareceu. Tornou-se uma pessoa desaparecida, mas não uma pessoa esquecida.

 

Vamos sempre nos lembrar daqueles que se apresentaram no Batuka! Brasil. Aqueles que nos emocionaram com sua música e sua vida.

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Após o intervalo, a última atração do festival: Batuka! Band, formada pelos talentosos Chico Willcox (baixo) e Ricardo Castellanos (teclados). O show celebrou a música e contou com os bateristas convidados Daniel Baeder, Vera Figueiredo, Sergio Bellotti e Dom Famularo, e o baixista Wes Wirth.

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Essa edição do Batuka! Brasil também foi marcada pelo lançamento do livro Drum Kids – Bateria para crianças, de Leonor Júnior.

 

Produzir o Batuka! Brasil é um ato de amor e o desejo de que as pessoas tenham acesso à ótima música. Queremos que as pessoas experimentem o que experimentamos ao encontrarmos esses fantásticos músicos e escutar suas inspiradoras histórias. Queremos que o Batuka! Brasil continue a ser o quando e o onde profissionais e novos talentos se encontrem. Queremos que o festival seja uma celebração, onde as pessoas se juntem para apreciar a música e a companhia uma das outras.

 

Agradecemos a cada um que nos ajudou a realizar essa edição do festival. Lembraremos sempre daqueles que têm nos apoiado durante essa jornada. Afinal, foi o aniversário de quinze anos do Batuka! Brasil. Quinze edições e vinte e um anos mantendo o desejo de oferecer a vocês algo especial.

 
Carla Dias

 
BATUKA! BRASIL
Curadoria | Direção Artística: Vera Figueiredo
Diretora de Produção: Carla Dias