2013

Memorial da América Latina

7 a 9 de junho

 

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Não é fácil organizar um evento do porte do Batuka! Brasil. Ainda assim, nós fazemos isso, e com prazer inquestionável, desde a primeira edição do festival, em 1996. Os obstáculos são inevitáveis, mas sempre damos o melhor de nós, a fim de superá-los. E com a dedicação de nossa equipe e amigos, a 14ª edição do Batuka! Brasil aconteceu em junho, no Memorial da América Latina, Auditório Simón Bolívar, na cidade de São Paulo.

 

A meta do projeto Batuka! se mantém a mesma desde a primeira edição: reunir em um mesmo espaço os apaixonados, os estudantes, os profissionais, os anônimos e ícones para celebrar a música e trocar informações. O intercâmbio cultural acontece não apenas entre países, por meio da participação de artistas estrangeiros, mas também entre estados brasileiros, porque a grandiosidade geográfica do nosso país equivale à pluralidade da nossa cultura. Como os vencedores do Concurso Nacional de Bateristas são escolhidos é um exemplo dessa pluralidade. O júri é formado por artistas brasileiros e estrangeiros. Mas antes de falar sobre eles, os vencedores e os membros do júri, nós queremos que vocês compreendam que o Concurso é, principalmente, uma forma de revelar novos talentos.

 

O Concurso é muito importante para os bateristas, pois oferece a eles a oportunidade de darem um passo à frente em suas carreiras. Os finalistas têm a chance de mostrar suas habilidades e se encontrarem com pessoas que podem ajudá-los a ingressar na indústria musical. Sendo assim, ainda que eles não se tornem vencedores, os finalistas encontram no Concurso Nacional de Bateristas significativas oportunidades.

 

O Concurso Nacional de Bateristas não se trata somente de competição. Durante o evento, os bateristas passam algum tempo com seus ídolos, aprendendo sobre a bateria e sobre a vida. Também é sobre participar de um momento que pode se tornar a realidade deles

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O concurso

O Concurso Nacional de Bateristas contou com três finalistas nas edições passadas. Em 2013, seis finalistas foram selecionados, três homens e três mulheres, e dois foram escolhidos vencedores, um baterista e uma baterista. A ideia de ter um concurso para os bateristas e um para as bateristas foi uma forma de inspirar as mulheres a participarem. Elas tiveram de preparar o mesmo material requisitado a eles. Nenhuma mudança foi feita a fim de facilitar a participação delas. Todos os bateristas tiveram de trabalhar muito para conquistar a vaga de finalista. Durante o festival, eles tiveram de tocar uma música de escolha própria, um solo de bateria e uma música de confronto, escolhida pela produção do festival.

A única diferença entre o concurso das bateristas e dos bateristas ficou por conta da música de confronto. As bateristas tocaram a Chamamé, de Rodrigo Rheinheimer, e os bateristas a Nino, o Pernambuquinho, do Maestro Duda.

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As bateristas finalistas foram Mariana Sanchez, de Santana (SP), Ju Souc, de Campo Grande (MT) e Marina Sabino, de São Paulo (SP). Marina, baterista de seis anos de idade, apresentou-se na abertura do Concurso como convidada especial. Seu professor, Bruno Felipini, mostrou um vídeo dela para Vera Figueiredo, organizadora do festival, que ficou maravilhada com a menina. Marina encantou a todos os presentes, em especial ao baterista Will Calhoun, que a presenteou com um par de baquetas Vic Firth Signature.

 

A vaga remanescente do Concurso feminino foi transferida para o Concurso masculino. Sendo assim, quatro bateristas masculinos foram selecionados como finalistas: Fábio Marrone, de Franco da Rocha (SP), Lucas Sangalli, de Curitiba (PR), Robson Pontes, de São João de Meriti (RJ) e Rogério Pitomba, de Parnamirim (RN).

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Dois jovens bateristas talentosos também foram convidados para se apresentarem na abertura do Concurso. Eles se envolveram com a música muito cedo. A carioca Letícia Santos tem treze anos e vem trabalhando no repertório para o primeiro disco da sua banda, a Black Aces.

 

Uma das músicas que ela tocou foi Setembro, composta pela sua banda. Também tocou Tom Sawyer (Rush) e Native Metal (Virgil Donati). Sua performance foi repleta de energia, de personalidade, e sua pegada impressionou ao público, que se deu conta de que Letícia tem lugar garantido no cenário musical.

 

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Em seguida, foi a vez de Flauzilino Jr. Aos quinze anos de idade, ele já tem um vocabulário musical muito rico. Ele estava muito focado, e tocou Lakeside Shuffle (P. Horvath/N. Stachel), do livro Funky Beat, de David Garibaldi, e Day & Nite (David Liebman), do play along Jazz Drumming, de Billy Hart. Ele fechou com Escape from Oakland (P. Horvath/N. Stachel), também do Funky Beat. Durante sua performance,
Flauzilino levou ao palco do Batuka! Brasil sua poderosa personalidade musical.

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O Concurso Nacional de Bateristas começou com as bateristas. A primeira a se apresentar foi Mariana Sanchez. Sua música de escolha foi a Rhythm Dance (Jay Oliver/Dave Weckl). A de Ju Souc foi Mobile, de Alex Cavalheri.

 

Os membros do júri foram os mesmos para ambos os Concursos, e formado por músicos brasileiros e estrangeiros: Aquiles Priester (Brasil), Junior Vargas (Brasil), Lauro Lellis (Brasil), Johnny Rabb (EUA), Stephane Chamberland (Canadá) e Will Calhoun (EUA).

 

O primeiro baterista a se apresentar foi Rogério Pitomba, com a música de escolha Samambaia (Ricardo Baya). Em seguida, foi a vez de Robson Pontes, com a Island Magic (Jay Oliver/Dave Weckl), seguido por Lucas Sangalli, com Arthur, o Gigante (William Magalhães). O último a se apresentar foi Fabio Marrone. Sua música de escolha foi Prêt-à-Porter de Tafetá (João Bosco/Aldir Blanc), interpretada por Adriana Godoy.

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Quintino Cinalli é um músico que sabe lidar com as nuances da música, o que levou o público a reconhecer a beleza na sua performance. Com um kit no qual se misturavam a bateria e a percussão, ele explorou a dinâmica, enquanto apresentava ritmos folclóricos como o Candombe. Com diligência, ele conseguiu que o público participasse de sua performance, cantando uma melodia sobre a qual o baterista e percussionista, um dos mais talentosos, sem dúvida, improvisou. Ele interagiu com o público que participou 100%. Quintino Cinalli deixou a todos boquiabertos tocando o cajon.

 

A participação de Quintino Cinalli foi patrocinada pela Bosphorus e contou com o apoio da LP e do IBVF.

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Recebemos um artista reconhecido pela sua invejável técnica Freehand, admirada por muitos bateristas, eles que têm estudado o Jungle Drum’n’Bass for The Acoustic Drum Set, considerado um importante livro do assunto.

 

Johnny Rabb apresentou uma performance digna de seu talento. Foi impossível não se deixar tocar pela alegria que ele sentia enquanto tocava, o que acertou o público em cheio. Foi uma performance brilhante. Com seu impecável domínio técnico, e com seu inigualável controle da dinâmica em uma bateria eletrônica, ele deixou a todos maravilhados. Ele conhece profundamente seu instrumento, uma ótima ferramenta para suas performances. Johnny tem colaborado com a programação da Roland TD12 e TDW20.

 

Johnny Rabb apresentou uma performance inspiradora. Sua presença no Batuka! Brasil foi das mais notáveis de todas as edições do festival.

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A primeira apresentação da segunda noite de festival ficou por conta de Mike Maeda. O baterista aproveitou o evento para lançar seu primeiro álbum solo. Techno Caos tem repertório baseado na música eletrônica misturada a uma variedade de ritmos. A tecnologia é a principal linguagem no disco de Mike, mas não somente em relação à música. Cenas de Mike, em diversos momentos, até mesmo durante sessões da gravação do disco, foram mostradas em um telão, atrás dele, durante a sua performance. Em alguns momentos, Mike tocou interagindo com essas cenas.

 

A apresentação de Mike Maeda foi uma mistura de instrumentista em sintonia com seu instrumento com a inovação tecnológica. Foi uma performance de um baterista que sabe como combinar as linguagens artística e tecnológica.

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Stephane Chamberland acredita que mais do que tocar um instrumento, as experiências de um músico podem se tornar uma fantástica ferramenta motivacional. Se você participou de uma das últimas edições do Batuka! Brasil, deve saber que este ponto de vista já foi abordado por um dos mais talentosos e inspiradores bateristas, Dom Famularo. E não por acaso o baterista canadense defende essa posição.

 

Stephane começou sua apresentação falando sobre como escolheu tocar bateria. Seus pais são músicos, e costumavam levá-lo para os ensaios. Certo dia, ele estava sentado no chão e sentiu a vibração da bateria. Naquele momento, ele decidiu que bateria seria o instrumento ao qual se dedicaria. Em 2000, ele participou de uma masterclass de Dom Famularo, em uma loja de música. Nessa época, tomou outra decisão, a de que iria estudar com Dom, o que, eventualmente, aconteceu.

 

A dedicação de Stephane lhe trouxe bons resultados. No palco, ele tocou enfatizando a dinâmica. Foi a primeira vez dele no Brasil e em um festival do porte do Batuka! Brasil. Sendo assim, ele aproveitou a oportunidade para mostrar o que ele vem aprendendo com as próprias experiências.

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A parceria entre a baterista Vera Figueiredo, a baixista Gê Côrtes e o pianista Marcos Romera não é recente. Eles vêm tocando e trabalhado juntos há muito tempo. Com Gê, Vera trabalha com frequência, já que ambas são integrantes da banda Altas Horas, do programa de televisão homônimo. Com Marcos, ela se lembra claramente dos muitos shows que fizeram juntos, incluindo na Califórnia (EUA), quando seu segundo disco, o From Brasil, foi lançado.

 

O resultado da reunião desses músicos no palco do Batuka! Brasil foi um show muito especial. A energia foi tocante, e a música inspirou momentos catárticos. O público se permitiu apreciar esses talentosos artistas, celebrando a música instrumental brasileira, em um show com músicas de Vera Figueiredo, assim como Santa Morena, de Jacob do Bandolim, e Chacalonga, de Victor Mendoza.

 

O trompetista Chico Oliveira começou a tocar The Blues Walk (Clifford Brown), ainda fora do palco, aproximando-se aos poucos da baterista Vera Figueiredo, construindo uma ponte musical para que ela interagisse com ele. O duo ofereceu um dos momentos mais iluminados do show, sendo muito aplaudido e comentado após a apresentação.

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Um ícone fechou a noite. John Blackwell é um baterista renomado, que tem colaborado com vários artistas, entre eles Prince, Justin Timberlake e Patti Labelle. Além de seu vasto conhecimento musical, seu groove é marca registrada. Durante sua performance, ele também mostrou sua habilidade com o pedal simples, tocando com velocidade e dinâmica que muitos bateristas alcançam somente com o pedal duplo.

 

O pai de John Balckwell é a sua principal influência. Ele relembra de quando tinha três anos de idade, e seu pai costumava acordá-lo para que fosse vê-lo tocar bateria, na sala de estar. Então, seu pai deixava a sala e John tocava o que queria. Desde então, John tem trabalhado para ser um dos grandes bateristas de todos os tempos. E assistindo a sua performance no Batuka! Brasil, podemos dizer que ele chegou lá.

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Junior Vargas participou das primeiras edições do Concurso Nacional de Bateristas. Em 2002, ele tocou no Batuka! Brasil como membro da banda do cantor Pedro Mariano. Em 2013, ele deu o seu melhor, apresentando-se como atração de abertura do terceiro e último dia de festival.

 

Junior tem tocado com diversos artistas, entre eles Chico Pinheiro, Michel Leme, Leandro Matsumoto, e com artistas do cenário gospel. Sua apresentação no Batuka! Brasil 2013 teve como base o trabalho com esses músicos, assim como no que vem fazendo com seu próprio trio. O VWE é formado por ele e por Chico Willcox (baixo) e Erik Escobar (piano).

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Ilustre figura do cenário do samba de São Paulo, e um especialista no assunto, Osvaldinho da Cuíca mereceu a homenagem que lhe foi feita durante o Batuka! Brasil, pelos seus organizadores. Suas palavras, impregnadas pela sabedoria com que o sambista leva a vida, e sua inspiradora forma de sentir a música. Sua presença e sua música emocionaram ao público. Ele disse que foi a primeira vez que foi convidado para tocar em um evento dedicado à bateria e à percussão, e esse homem, chamado Cidadão Samba de São Paulo, levou muitos dos presentes às lágrimas.

 

Dois dos seus filhos se apresentaram com ele: Julio Cesar e Marcelo Barro. Seu grupo também era formado por Balto da Silva (percussão), Rodrigo Nogueira (cavaquinho), e Renatinho 7 Cordas (violão).

 

Durante sua apresentação, Osvaldinho contou histórias, como quando era engraxate. Na verdade, sua performance tocando na caixa de engraxate é das mais impressionantes. Também foi uma ótima experiência escutá-lo tocando a cuíca, instrumento que ele sabe fazer cantar belamente. Neste dia, o Brasil jogou com a França e venceu. Alguém da plateia comentou sobre o jogo, então Osvaldinho tocou, na cuíca, A Marselhesa, o hino da França. Foi impressionante.

 

O carisma de Osvaldinho da Cuíca, sua elegância, o samba em sua voz e em seus pés, garantiram uma apresentação que encantou a todos.

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Ele é artista e também o criador do Cajón Pithy, que tem sido utilizado por vários músicos, entre eles Will Calhoun. O baterista experimentou o Cajón Pithy, e as vassourinhas feitas especificamente para tocá-lo, durante o Batuka! Brasil, e adorou.

 

Pithy Cajonero é especialista na história do cajón. Antes de sua performance, o Embaixador do Cajón Afro-Peruano no Brasil falou sobre a origem do instrumento e as características da música tocada com ele.

 

Pithy vem tocando com diversos artistas, espalhando sua música e sou conhecimento sobre a fabricação de cajones e outros instrumentos de percussão e acessórios.

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Muitos o conhecem como membro da banda Living Colour. Porém, Will Calhoun é um dedicado aprendiz da música do mundo. Ele é um pesquisador que imprime seu conhecimento sobre a música e seus estilos em seu trabalho solo.

 

Menos de um mês antes de tocar no Batuka! Brasil, ele lançou o disco Life in This World, uma amostra de sua versatilidade como músico e compositor. A pluralidade faz parte de sua música. A força do seu groove de baterista do Living Colour está lá, mas há algo mais. Há também a influência da música universal. E com a sua própria voz, com as habilidades de um homem curioso sobre os sons do mundo, que ele assumiu o palco.

 

Um dos momentos mais envolventes da apresentação de Will tiveram características musicais e visuais. Enquanto sua música alimentava nossos corações e ouvidos, nossos olhos se deslumbravam com as imagens criadas com as baquetas de LED que ele usava, e que riscavam a escuridão como se ela fosse tela sendo pintada. Em outro momento, Will vai para frente do palco e toca com o Loop Station, programando e tocando em cima do que foi programado. Ele também tocou flauta.

 

Em uma edição do Batuka! Brasil tão diversa musicalmente, a presença de Will Calhoun foi realmente especial.

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Caito Marcondes é um artista impressionante. Ele sabe como fazer o público mergulhar na sua rica musicalidade. Sua performance no Batuka! Brasil contou com dois convidados muito especiais: Micaela Marcondes, violinista e sua filha, e Daniel Amorin, contrabaixista e marido de Micaela. A performance de Caito reforçou o motivo de Airto Moreira tê-lo chamado "Villa-Lobos da percussão".

 

Uma das habilidades mais apreciáveis de Caito é a forma como ele promove o encontro entre a música erudita e a clássica, por meio de sua própria música, e sem que nenhuma das linguagens perca suas principais características. O resultado é uma jornada musical que levou o público a experimentá-la e apreciar a versatilidade oferecida pelo multi-instrumentista.

A EXPOSIÇÃO
 

Alguns distribuidores das marcas apoiadoras do Batuka! Brasil fizeram parte da exposição que aconteceu durante o festival, no foyer do Auditório Simón Bolívar. Foi possível conferir produtos Mapex, Tama, Prime, Roland, Pithy, Sabian, Evans e Vic Firth. Em alguns estandes, foi possível experimentar os produtos. Destaque para a curiosa mini-bateria confeccionada por Cesar Rocha.

A exposição foi uma forma de mostrar aos bateristas a alta qualidade de produtos disponíveis no mercado brasileiro.

O cajonero Pithy apresentou performances em seu estande, durante os intervalos do festival. Johnny Rabb se apresentou no estande da Roland.

 
AGRADECIMENTOS


Agradecemos a todos que colaboraram, direta ou indiretamente, para a realização da 14ª edição do Batuka! Brasil. Esperamos poder oferecer a vocês a oportunidade de trocar ideias, fazer parte de um grande encontro musical, e ficar por dentro do que acontece no mercado musical, na próxima edição.

 

Agradecemos à equipe IBVF: Eduardo Diniz, Felipe Uchida, Bruna Barone e Silvana Santos. Renata Gomes, Fernando Savani, e toda equipe Habro. Flora Tonelli, Marcelo Jesuíno, Roberto Redondano, Tiago Borges, e toda equipe Musical Express. Gino Seriacoppi, Giuliano Noronha and Michel Brasil da Roland. Thiago Scavazini da Izzo Musical, o fotógrafo Ale Frata, Walter Bondioli da Prime Music. João Mario Giardim e toda equipe Batera Clube. Claudinei, André, e todos da equipe Santa Maria, André Carvalho do site O Baterista, e Ingrid Moghrabi da revista Modern Drummer Brasil.

 

Agradecemos a todos do Memorial da América Latina, que nos permitiram realizar o Batuka! Brasil no auditório Simón Bolívar, especialmente a Dora Gussi e ao Cesar Rocha, que ficou conosco durante todo o festival.